CONCEPÇÃO SOBRE A DIMENSÃO ESTRUTURANTE DAS TECNOLOGIAS
Muito se tem pensado e falado em inclusão digital na educação e, ao mencioná-la, se faz necessário pensar em educadores e educandos, pois à produção do conhecimento deve ser coletivizada. O processo de adoção de sistemas informáticos na sociedade articula-se intensamente com todos os sistemas midiáticos de comunicação, na dimensão estruturante da comunicação, sendo assim, ambos educadores e educandos, devem estar imbuídos para fazerem um trabalho, no qual possam se conectar em redes de comunicação e aprendizagens significativas. Segundo Nelson Pretto:
“Os processos pedagógicos tendo uma centralidade instável permitem que os implicados nesses processos atuem de forma diferenciada ao longo de todo o tempo. O centro se desloca, movimenta-se incessantemente, ora sendo ocupado pelo professor, ora pelo aluno, ora por outros envolvidos ou mesmo por um elemento físico. É importante que sejam estabelecidas conexões múltiplas, laterais e não apenas seqüenciais, ou seja, trata-se da presença de relações de sentimentos simultâneos, do espaço sincronizado e do tempo espacializado. Nessa perspectiva, afirma-se o papel do professor centrado permanentemente nas diferenças.”
Desta forma, vemos que a capacitação do professor, é um passo da demanda que se faz presente, entre outras. Faz-se necessário criar condições para que os educadores preparem-se para que ocorra uma transformação em sala de aula, “incorporando as novas formas de ser, de pensar e de agir ", reavaliando suas práticas, para que ele possa ser o construtor de seu percurso de trabalho, não se vendo obrigado a seguir currículos pré elaborados que não condizem com o cotidiano da comunidade em que esta inserido, devem permanecer conectados, mas ao contrário, se encontram desconectados, com escolas sem maquinário, não conseguindo assim mudar a realidade apresentada, desta forma continuarão a ser, ambos, educando e educador, excluídos digitais e a idealização de “se fazer o currículo na escola”, “ao professor caber a “função de ser um negociador permanente das diferenças”, “as escolas serem bem equipadas”, “conectadas”, entre outros, não passam de utopia, porém, esta utopia deve ser revista, urge entender a “tecnologia não apenas como o fazer, mas também como o dizer, o entender, o intencionar o que se faz”, não de forma concluída, completa, encerrada, e sim, aberta para agregar, sempre, novos saberes.
Referência
PRETTO, Nelson De Lucca; PINTO, Cláudio da Costa. Tecnologias e novas educações. Revista Brasileira de Educação. v. 11, n. 31. jan/abr/2006
COMENTÁRIO A PARTIR DAS COLOCAÇÕES SOBRE PROGRAMA DE RÁDIO
Foram apresentadas três explanações diferenciadas:
1ª)“Rádio Escola – Proposta Criativa”e 2ª)“Projeto Escola Interativa - ambas explanaram sobre o roteiro das atividades desenvolvidas, através da edição de programas de rádio. Demonstraram em suas propostas que se pode trabalhar diversos conteúdos e de formas diferenciadas, como, montar um programa de rádio na escola, podendo ter como função informar o cotidiano da própria instituição, novelas, entrevistas, entre outros, assim como também, efeitos sonoros diversificados, valorizando desta forma o conteúdo a ser mostrado.
3ª) O diretor da Rádio Educadora, de forma sintetizada, explicou o princípio de concessão pública para aquisição de uma rádio, que a programação tem por princípio atender a comunidade onde esta inserida e que para as noticias serem divulgadas passam pelo Conselho Editorial. Explicou sobre como é mensurada e se adquiri audiência, direitos autorais, entre outros.
Os três relatos nos forneceram subsídios, para que pudéssemos elaborar nosso próprio programa de rádio no módulo e, assim adquiríssemos conhecimentos para editar o mesmo, no contexto designado pelo livro de Pierre Levy, Cibercultura.
PIERRE, Levy; COSTA, Carlos Irineu, tradução. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. 264 p. (coleção Trans).
LOGOS CONTEMPORÂNEO
As constantes transformações que estão se fazendo presente na cosmovisão contemporânea, segundo Maria Helena Silveira Bonilla, nos conduz a fazer releituras de como se processa a educação, passando do modelo mecanicista, do conhecimento bancário, como coloca Paulo Freire, em seu livro, “Pedagogia do Oprimido”, onde os educandos são tabula rasa, os conhecimentos são assimilados após o depósito de informações, “mantendo assim a divisão entre os que sabem e os que não sabem, entre os oprimidos e os opressores, negando a dialogicidade”, apresentando o conhecimento fragmentado, educandos e educadores possuindo papéis definidos, receptores de informações e reprodutores da informação. Entretanto, segundo Bonilla:
“não basta transformar somente a escola; ela é apenas um dos vários contextos com os quais interagimos. Deve-se buscar a produção da existência humana em todos os contextos históricos, numa perspectiva ecosófica (ético-política), ou seja, desenvolver práticas específicas que tendam a modificar e a reinventar maneiras de ser nos mais diversos contextos em que interagimos – família, escola, trabalho, entre outros.”
E para tanto coloca que dentro deste conjunto, estão inseridas as tecnologias da informação e da comunicação, que não utilizam mais modelos pré estabelecidos, pois não atendem ao momento histórico em que vivemos, não há como armazenar os conhecimentos, para Marques:
“a educação como interlocução de saberes sempre em reconstrução, ou seja, para que haja educação é fundamental que aconteça um diálogo de saberes. Não a troca de informações de forma acrítica, e sim uma busca de entendimento compartilhado entre os que participam de uma mesma comunidade lingüística, de forma que todos participem do processo de reconstrução dos saberes prévios de cada um, e que resulte em novos saberes, saberes outros. Visto dessa forma, o processo educativo está vinculado à interação entre indivíduos que se fazem homens singulares nesse processo interativo.”
Há de se formar uma “rede” entre os novos saberes e os saberes outros, pois o conhecimento não é algo que pode ser dado como finito, acabado, sendo assim, sugere que conectados tecnologicamente poderemos dar continuidade a “teia” que se forma através desta perspectiva, sejam eles, sociais, políticos, culturais ou educacionais.
Referência
BONILLA, Maria Helena. A práxis pedagógica presente e futura e os conceitos de verdades e realidade frente às crises do conhecimento científico no século XX. In:PRETTO, Nelson De Lucca, Tecnologias e novas educações. Salvador:EDUFBA, 2005. P. 70-81.
DISCUTINDO DOCÊNCIA ONLINE
Ana Maria Hesse e Edméa Santos dissertaram sobre suas pesquisas científicas, focando como se processa a docência online e, quais os caminhos que podem ser utilizados para efetivação desta formação: redes, web 2.0, transdisciplinariedade, interfaces interativas, hipertextualidade, entre outros.
Acrescento a este tópico que frente à atual demanda de formação, se faz necessário procurar novas formas de soluções para ampliar o quadro de ofertas de cursos online, pois não há quantidades suficientes de profissionais qualificados para atendê-los, assim como, o baixo poder aquisitivo da população, nos coloca como solução o meio de aprendizado online.
As Universidades tanto no plano das infra-estruturas materiais, como nos custos do funcionamento, apresentam menos custos na educação online, em detrimento da presencial e também devido há “uma necessidade crescente de diversificação e de personalização” (LEVY, 1999. p. 169).
Referência
PIERRE, Levy; COSTA, Carlos Irineu, tradução. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. 264 p. (coleção Trans).
CIBERCULTURA
A sociedade muda e, a partir deste prisma vemos os segmentos ligados a ela acompanharem esta evolução, pois o que era dado como verdade, que Deus fez o mundo e tudo que era pensado e realizado propagava esta idelologia na cosmovisão medieval, com o passar do tempo, através da evolução cientifica, esta ideologia cai por terra, dando lugar a cosmovisão moderna. Ilustrando esta perspectiva podemos usar a metáfora do relógio, partindo do princípio que o mesmo possui varias engrenagens que devem funcionar bem, para que sua estrutura como um todo também funcione da mesma forma, correlacionando-o com o homem, que estruturado na sua complexidade, onde as partes se relacionam entre si, na forma de uma teia, também devem funcionar bem.
Este pensamento mecanicista que é dado pela fragmentação, do período FordianoXHolisitco, influência a ciência e parte na educação como um divisor, transformando os conhecimentos em disciplinas estanques, não pode ser propagado, pois a ciência evolui a cada dia e com ela as informações se renovam, fazendo com que adquiríramos novos saberes,.
A sociedade comunga hoje de um novo paradigma na contemporaneidade, o avanço tecnológico muda a roupagem desta cosmovisão medieval, os conhecimentos são aprimorados, estudados por filósofos da informação, como Pierre Levy, que estuda as interações entre a tecnologia e a sociedade. Surgem novas nomenclaturas para denominar termos utilizados nesta era digitalizada. Termos estes, que condizem com esta realidade que nos é apresentada, configurando a aquisição de conhecimentos que cada vez mais temos de adquirir, para acompanhar este desenvolvimento no mundo globalizado:
Cibercultura de acordo com wilkipedia é a cultura contemporânea fortemente marcada pelas tecnologias digitais. Ela é o que se vive hoje home banking, cartões inteligentes, voto eletrônico, pages, palms, imposto de renda via rede, inscrições na internet, etc, provam que a cibercultura esta presente na vida cotidiana de cada indivíduo.
Hipertexto que remete a um texto digital, que agrega outros conjuntos de informação ao texto principal.
Interatividade quase sempre associada às novas mídias de comunicação, configura-se nesta colocação como “medida” do potencial de habilidade de uma mídia permitir que o usuário exerça influência sobre o conteúdo ou a forma de comunicação mediada.
Analógico e digital pode ser exemplificado, para que seja de maior entendimento, através de uma intersecção da luz. Um interruptor digital é uma intersecção normal, no qual só existem duas opções acesso ou apagado. Uma intersecção analógica é o resultado no qual se põem várias luzes intensas que vai de tudo apagado a tudo acesso, passando por todas as demais opções intermediárias.
Virtual de acordo com Pierre Levy “
“o virtual não se opõe ao real, mas sim ao actual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a actualização. (1996, p. 16)
Apesar de haver outras palavras significativas que nos ilustram este direcionamento dado pelas tecnologias digitais como: interfaces, ciberespaço, rede, link, entre outros, fecho esta explanação com inteligência coletiva que é disseminada na concepção de Pierre Levy através de uma inteligência distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada: “ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo saber esta na humandidade.”
Referência
PIERRE, Levy; COSTA, Carlos Irineu, tradução. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. 264 p. (coleção Trans).